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8. Les traigo la modernidad - Pavel Ferr
8. Les traigo la modernidad - Pavel Ferr

 

 

Acreditávamos que o paraíso estava além-mundo e que para chegar até ele deveríamos sacrificar-nos e anular-nos. Agora, vemos que o paraíso é possível: basta apenas respeitar a ordem social e integrar-se com boa vontade ao mundo produtivo. Mas é indispensável esquecer da felicidade dos outros e só pensar na própria felicidade, porque cada um sabe o quê quer e o buscará com todas as forças. E sem esquecer que, como por mágica, surgem a ordem e o progresso em uma sociedade em que cada um de seus membros pensa exclusivamente no seu próprio bem-estar. Desde a modernidade, uma concepção específica de felicidade vem sendo estabelecida. 

No entanto, o que acontece com o pobre, que não pode acessar aos bens e serviços que ostenta a sociedade, apesar de seus esforços? O quê acontece com milhões de pessoas que nascem em sociedades totalitárias, corruptas, teocracias ou pré-industriais? Como não deve se sentir frustrado quem tem que padecer em uma guerra, uma crise econômica ou eventos que acabam com a possibilidade de auto-realização? As promessas da modernidade são tão nefastas como a perspectiva de uma volta ao espírito gregário e obscuro do Medieval. 

Mulheres e homens que viveram a crise de transição da pré-modernidade à modernidade durante os séculos XVII e XVIII, foram arrancados de suas terras e obrigados a se deslocar para as periferias das cidades neo industriais, estendidas em quilômetros de subúrbios isolados, forçados a viver em casebres insalubres e escuros e obrigados a trabalhar em fábricas que eram prisões, com horários inumanos e salários miseráveis; mesmo que estas mulheres e homem acenderam um período inovador, exitoso e referente de um capítulo singular da história humana - o qual desembocaria, nos séculos seguintes, no que temos chamado “progresso”, cabe agora a pergunta sobre se foram cumpridas as promessas, e algo mais complexo ainda, se está valendo a pena a passagem do tempo da pré-modernidade à modernidade. 

De quais promessas feitas pelo advento da modernidade estaríamos falando? A quê aspiravam pensadores modernos como Hobbes, Locke e Spinoza quando convertiam a razão em regra e certezas? Aspiravam por conseguir segurança jurídica, estabilidade econômica, paz, progresso, justiça social, reconhecimento da propriedade privada e do estabelecimento de fronteiras territoriais para impulsionar a esperança da industrialização como via de progresso; e o progresso significava acumulação de produção, riqueza, consumo e conhecimento. 

Gabriel García Márquez que tem explicado que a tarefa mais difícil para os escritores latino-americanos não é imaginar realidades credíveis, mas fazer credível a realidade em que vivemos. Assumindo que nesta realidade os latinos somos o “outro” de que se faz referência na história oficial, quando nos toma em conta, como algo folclórico ou exótico, por tanto, não somos sujeitos da modernidade, representamos o passado. Esta ideia sintetiza parte da explicação sobre por quê Paz, pensou com antecipação problemas que os próprios intelectuais europeus demoraram várias décadas em sequer conceber. Referindo-se à ‘outredade’, a que vem estando aqui, nós sempre fomos os “outros”. 

Cidade do México - México. Doutor em Artes e Design, professor em tempo integral, tutor, supervisor de tese da Pós-Graduação da Faculdade de Artes e Design (FAD) da Universidade Nacional Universidade Autônoma do México (UNAM). Mestrado em Artes Visuais na área de Arte Urbana no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais. Cursou Bacharelado em Artes Visuais na Academia San Carlos dentro do Programa Alta Excelência Acadêmica.Coordenador dos Diplomados de Qualificação em Educação Continua FAD UNAM. Professor do Bacharelado em Urbanismo na Faculdade de Arquitetura da UNAM. Foi secretário acadêmico da Pós-Graduação em Artes e Design da ENAP UNAM. Conselheiro acadêmico representando os estudantes de Pós-graduação da área de Humanas e Artes e conselheiro na comissão de difusão cultural UNAM 2009-2011. Coordenador acadêmico do bacharelado de artes visuais do Instituto de Artes (IA) da Universidade Autônoma do Estado de Hidalgo (UAEH) de 2002 a 2008. Realizou o programa educativo em Artes Visuais e fundou o Instituto da UAEH. Professor de Pesquisa de tempo integral do Bacharelado em Artes Visuais, no IA do UAEH, de 2002 a 2010. Participa de exposições individuais e coletivas, bienais, instalações, ações e intervenções relacionadas ao espaço público, bem como, cursos, oficinas, palestras e colóquios. Tem recebido diversos reconhecimentos e bolsas de estudo de instituições como FONCA, FOECAH, Governo Federal, UNAM, etc.

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